Trama Afetiva 2018 deixa como legado coletividade
Promovido pela Fundação Hermann Hering, projeto que objetiva o fomento da economia criativa chega a sua etapa final com apresentação de uma coleção cápsula criada com resíduos têxteis da Cia. Hering. Após passar por uma verdadeira imersão criativa e sensorial, os 10 participantes selecionados para a 2ª edição do TRAMA AFETIVA – Uma experiência colaborativa em upcycling, projeto que busca desenvolver o potencial técnico, criativo e empreendedor de interessados em novos processos colaborativos e sustentáveis nas áreas de moda e design, apresentam 25 produtos desenvolvidos a partir da ressignificação de malhas de algodão da Cia. Hering.
Orientados por designers-tutores dos segmentos de moda e design, como Alexandre Herchcovitch (À La Garçonne), Marcelo Rosenbaum (Instituto A Gente Transforma) e Itiana Pasetti (Revoada), os participantes foram convidados a criar uma linha de produtos dentro do conceito de upcycling, processo que propõe a transformação de resíduos e artigos inúteis ou descartáveis em novos materiais ou produtos com maior valor agregado e com novas possibilidades de utilização.
Após receber 443 inscrições de todo o País, foram selecionados Alexandre Heberte, artesão e tecelão (CE), Ana Giselle Oliveira dos Santos, artista visual e performer (PE), Carmem Manzano, designer têxtil/moda e ilustradora (SP), Eduardo Borém, designer de objetos/mobiliário e músico (MG), Jorge Feitosa, estilista e professor de moda e vestuário (SP), Kiri Miyazaki, artista têxtil (SP), Mayra Sallie, empreendedora em upcycling e artista (RJ), Oliv Barros, artista visual, figurinista e diretor de arte (SP), Rodrigo Evangelista, estudante de design de moda (PB) e Zina Leal, estilista, artista plástica e designer de moda (ES). Durante a dinâmica, o grupo participou de conversas inspiracionais, workshops e visitas técnicas, além de contarem com o apoio das costureiras do Cardume de Mães para o desenvolvimento dos produtos. Para a abertura oficial desta edição, no dia 8 de agosto, os selecionados e público em geral participaram do seminário “Design Para Um Mundo Melhor”, iniciativa inédita no país que contou com a participação de especialistas dos segmentos de moda, design, artes plásticas, gastronomia e ativismo tendo como principal abordagem a Economia Afetiva.
“Foi uma experiência enriquecedora”, analisa Jorge Feitosa, professor de moda e vestuário, sobre o processo de imersão proposto pelo Trama Afetiva. “Pessoas de diferentes áreas com o mesmo objetivo, pensando um produto de design de moda dentro da sustentabilidade. Essa experiência me fez perceber que isso tem que estar dentro do processo produtivo, fazer parte, uma nova preocupação que é bem latente dentro dessa nova geração” conclui.
Oliv Barros, que mora e atua em projetos artísticos e sociais na comunidade de Heliópolis, em São Paulo, também destaca a importância das relações humanas dentro do conceito de produção colaborativa proposto pelo projeto. “Foi uma imersão que eu estava querendo muito, o contato com outros criativos me fez sentir renovado. Ser mais um multiplicador para passar para os outros e também levar para a vida”, declara entusiasmado com a participação. O mineiro Eduardo Borém considerou a experiência “única e especial”, enfatizando o fato de compartilhar com várias pessoas com interesse na sustentabilidade. “Para criar, produzir e consumir daqui pra frente temos que pensar como ocupamos nosso espaço e como existimos. Repensar a forma de fazer as coisas num grupo diverso e construir uma cadeia de parceiros”, analisa.
Zina Leal, artista plástica e estilista capixaba, declara que a vivência proporcionada através do Trama Afetiva foi “muito profunda e, sobretudo, trouxe a certeza de que é possível trilhar o caminho politicamente correto da sustentabilidade em relação à moda. O Trama me permitiu conhecer mais de perto profissionais que estão nesse caminho e se mantêm no mercado. Hoje, com novos modelos de trabalho, temos que nos colocar como pessoa de modo diferenciado, quanto mais coletivo, melhor”.
Utilizando malhas de algodão de diferentes pesos e gramaturas da Cia. Hering, o grupo desenvolveu uma coleção cápsula de 25 produtos – que podem ser conferidos, assim como todas as etapas e atividades do Trama Afetiva, através das redes sociais da Fundação Hermann Hering -, onde se revelam itens inovadores que refletem olhares diversos, porém comprometidos com os conceitos colaborativos e sustentáveis que norteiam a economia afetiva. Nesse cenário, dividem espaço desde uma minicoleção com modelagem econômica, sem gênero e no size, que elimina ao máximo novos resíduos, passando por peças lúdicas e mutáveis, com destaque para a gigantesca almofada de 3 metros em forma de mão cujos dedos se entrelaçam possibilitando diferentes formatos, até peças de decoração multiuso, como os edredons que podem fazer as vezes de uma poltrona ou servir de superfície confortável para atividades ou descanso.
Amélia Malheiros, gestora da Fundação Hermann Hering, afirma que “para a fundação é muito importante olhar este contexto do individual que se transforma no coletivo a partir de uma linda lateralidade. Quando a gente consegue olhar essa moda para o novo mundo e entender que dar significado, como propõe o design afetivo, realmente transforma, isto é o Trama Afetiva. E nisso que a Fundação acredita”.
Evelin Wanke, Gerente de Vendas da Epson, apoiadora do projeto que possibilitou o desenvolvimento de estampas digitais exclusivas que proporcionam menor desperdício de resíduos e maior aproveitamento dos materiais usados na produção, considera o projeto como “a plataforma ideal para a divulgação dos nossos equipamentos, reforçando suas características altamente tecnológicas, porém, alinhadas com conceitos de economia e sustentabilidade”.
Plataforma de estudos práticos sobre Economia Criativa, a direção criativa e de conteúdo do Trama Afetiva agora inicia a edição do livro “Economia Afetiva: Aprendizado para o Futuro”, voltada para a aprendizagem colaborativa sobre design, moda e empreendedorismo em upcycling, que será distribuído em escolas e bibliotecas do Sistema S, assim como acessado, gratuitamente, pelo público interessado na Economia Afetiva como ferramenta de transformação econômica através de download.
*Crédito de imagens: divulgação
Fonte: Abit