Qual o futuro da moda? Saiba o que esperar dos novos cenários da indústria

Conversamos com a expert Gabriella Negromonte, especialista global em Marketing, Relacionamento e Comunicação de marcas, que entrega algumas diretrizes do que esperar para esse novo momento pós-pandemia

RLS50™ | BLOG50™ | *Fotos: (Foto: @linekerlenhard)

Com a nova realidade imposta pela pandemia do coronavírus, a indústria da moda, por sua natureza mais vulnerável, é uma das mais afetadas — e também uma das que mais tem chance de se reinventar e responder rápido ao “novo normal”. Embora a duração e a gravidade da pandemia permaneçam desconhecidas, saber lidar com esse momento e as oportunidades que virão a partir de agora é o que empresas, influencers, designers e todos os personagens do universo fashion estão de olho. Assim, conversamos com uma especialista no assunto.

No mercado há 17 anos, Gabriella Negromonte já colaborou com marcas como Calvin Klein, Grupo Inditex e foi Brand Manager da Jimmy Choo. Hoje ela atua como consultora para grandes empresas nacionais e internacionais. Para a L’Officiel Brasil, ela faz um panorama com alguns dos questionamentos mais recorrentes no cenário atual da indústria da moda. Confira a seguir!

EXISTE FUTURO PARA A MODA?

“Eu acredito no seguinte: moda é sobre comportamento social, então enquanto houver humanidade haverá moda. O que a gente precisa entender agora é como todo mundo está se mobilizando e como podemos agregar nessa mudança. Ao longo da história, a moda prova que sobrevive, se transmuta, se transforma e se regenera. A moda é importantíssima para o mundo não apenas por ser reflexo do comportamento social, mas também porque tem uma enorme importância para a economia global.”

QUAL O FUTURO DA MODA?

“O mundo já vinha dando sinais das mudanças que precisavam ser feitas, e agora elas se fazem necessárias. Já sabemos que a sustentabilidade é o caminho, e que a ampliação do digital é outra solução necessária para a sobrevivência da comércio da moda.”

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O QUE PRECISA MUDAR NA MODA?

“Já sabemos que precisamos seguir o caminho da sustentabilidade e que as empresas precisam se adequar a um formato ecologicamente correto, mas isso é um processo longo. Com todos os últimos acontecimentos, é preciso acelerar esse processo, que é não apenas longo, mas igualmente custoso, e ainda nem todas as empresas vão conseguir se adequar a essas mudanças. Eu acredito que é impossível desenvolver empresas 100% ecológicas, mas precisamos buscar alternativas agora para lidar com excessivo desperdício causado pela moda, que é um dos mercados mais poluentes do mundo.”

O QUE AS GRANDES EMPRESAS ESTÃO FAZENDO

“É muito importante entender o que as grandes maisons estão pensando em fazer – e já fazendo – porque elas vão ser as precursoras desse movimento. Uma vez que elas começarem a exigir mudanças de seus fornecedores, principalmente têxteis, as pequenas empresas serão beneficiadas”. 

Marc Jacobs diz que finalmente mudaremos esse formato de tanto desperdício, de tantas coleções. É um exagero 6 coleções por ano, é um exagero de peças de roupa. Além disso, esse processo pode levar até o esgotamento da direção criativa – que é o que pode ter acontecido com Marc Jacobs. Ele também fala do receio nos acostumarmos com o isolamento social. De isso nos desumanizar, de nos isolar ainda mais, e que isso estimule o individualismo e acho que precisamos focar de outra forma e ampliar a humanização e a solidariedade.”

“Ao contrário de Jacobs, que diz que não está produzindo absolutamente nada, o Virgil Abloh, que para mim é um grande visionário da moda, diz que está produzindo sem parar, que não para de ter ideias e diz que está buscando novos formatos principalmente ouvindo principalmente essa nova geração. Ele tem conversado com muitos jovens para entender o que eles esperam; então fica a dica para os gestores: é muito importante que a gente escute diversas opiniões principalmente dessa nova geração”.

“Esse é o momento para gestores de mindset de crescimento. Um exemplo é o Bernard Arnault, precursor em movimentos importantíssimos na moda, como por exemplo trazer como conselheira para o grupo a Stella McCartney que hoje vai ser importantíssima na implementação, desenvolvimento a amplificação da sustentabilidade em um dos grupos mais importantes não apenas da moda, mas do setor do luxo, a LVMH. O mundo dá sinais das necessidades e futuras mudanças, e existem pessoas visionárias que conseguem captar isso. Na moda isso se chama “cool hunting”, pra mim Bernard é um desses visionários, principalmente por ter sido o primeiro a fechar uma fábrica para produzir álcool gel e isso vai ficar marcado para sempre.”

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A CHAVE DE MUDANÇA PARA A MODA 

“Os consumidores são a chave de toda mudança! A forma como consumimos é o que vai definir o novo formato da moda, nós teremos que mudar a cultura do consumo.”

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O QUE PRECISA MUDAR NA CULTURA DO CONSUMO

“Eu acho que isso será o processo mais complicado porque não sabemos, por exemplo, como comercializar sem super explorar a amplitude de diversos produtos diferenciados. A questão da cultura das mídias digitais, onde vendem-se produtos o tempo todo, também é delicada. Basicamente é o que fazem boa parte das influencers: estimular o consumo de produtos diferentes o dia todo. Então a comunicação precisa ser modificada, precisa haver um estímulo real em repetir roupas, acessórios, etc; em apostar em produtos pontuais e versáteis de qualidade, que tenham uma durabilidade e não em quantidade produtos. E ainda em apoiar empresas com propósito e valores que têm de fato contribuições positivas para a sua sociedade. As influencers poderão ter um papel muito importante nessa modificação se souberem se reinventar e se adaptar às necessidades deste novo momento.”

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Fonte: REVISTA L’OFFICIEL| Matéria: Lays Tavares | Imagens: @linekerlenhard / Unsplash


Responsável: Robinson Silva – Consultor e Mentor da RLS50 CONSULTORIA | @robinson1970

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