Com 20 anos de carreira, Simone Nunes é o nome por trás das sandálias hit do momento
As sandálias Pillow são um sucesso absoluto, mas o longo histórico de Simone na moda não se resume a isso.
Embora as novas gerações possam estar conhecendo Simone Nunes apenas agora, por causa da Room, e os sapatos Pillow, as sandálias que tem como marca registrada as maxi alças (que lembram travesseiros) e que se tornaram hit do momento, aqui e lá fora, a designer tem uma considerável história na moda nacional. Boa parte dela, catalogada aqui no FFW, no nosso acervo de desfiles. Mas vamos começar essa história do começo.
DE COSTANZA PASCOLATO À SPFW
Simone Nunes se formou em desenho industrial na Unesp, com especialização em moda em Milão. Ainda em 2001, recém chegada à São Paulo, ela trabalhou com Costanza Pascolato e enviou um projeto para a Casa de Criadores, onde logo começou a desfilar. Depois de três desfiles, Simone foi convidada para o Amni Hot Spot ( incubadora de novos talentos da Luminosidade, que aconteceu de 2001 a 2006) e incorporada ao line-up da São Paulo Fashion Week logo em seguida. Com apenas um mês para preparar sua coleção estreia na semana de moda, Simone fez o dever de casa e apresentou uma das coleções mais bem recebidas daquele ano.
“Nas trilhas dos primeiros desfiles eu cantava, e lembro de um ensaio que estávamos passando o som com as modelos, e entrou minha voz cantando ‘vai descendo na boquinha da garrafa’. Era uma crítica, claro, mas o ensaio parou porque as modelos e a equipe não conseguiam parar de rir. Morro de saudade dos desfiles!” conta Simone, com muito bom humor.
Em 2010, depois de numerosos desfiles bem sucedidos e um nome já consolidado no mercado nacional, Simone fecharia sua marca. Ao contrário do que frequentemente acontece, ela não o fez porque a marca se encontrava mal, pelo contrário: “Quando eu resolvi fechar a marca que levava meu nome, foi justamente quando entraria um sócio investidor, e não porque não estava vendendo, justamente o contrário, era o momento da ‘virada’ como negócio. Mas isso me deixaria presa no Brasil e a uma única experiência. Resolvi trabalhar em todos os setores da moda que eu pudesse: fui buyer, professora de faculdade de moda, palestrante, consultora de tendência, assinei desfiles de outras marcas, trabalhei na China, Londres, Nova York, Espanha, Portugal, até que senti vontade de fazer produto de novo.”
Depois de coletar uma série de experiências internacionais, Simone estava pronta para empreender novamente e criou a Serpentina, de moda praia, em 2014. A marca é um investimento no mercado internacional, que veio de forma natural para ela que já morava fora, bem como sua sócia, Luciana Prado, e teve ampla aceitação do mercado asiático e europeu.
O SAPATO CERTO NA HORA CERTA
Dois anos mais tarde, em 2016, ela criaria a Room, marca de sapatos e joias que surgiu em Portugal e agora é baseada na Itália. O sapato Pillow, carro chefe da marca, logo caiu no gosto dos fashionistas ao redor do globo, fazendo sucesso por aqui, tendo sido lançado também em Xanghai, Nova York e com vendas para o mundo todo.
O plano de Simone Nunes não era necessariamente lançar uma peça-desejo, mas um sapato que fosse confortável, estiloso e que ela pudesse usar com frequência e que saísse um pouco do óbvio. O sapato saiu no WGSN, um dos principais portais de tendência do mundo, e desde então as vendas (e réplicas) deslancharam.
Com uma trajetória longa no mercado de moda, Simone Nunes soube (e ainda sabe muito bem) navegar as mudanças da indústria, dos tempos e da comunicação, como prova o grande sucesso da Room e das suas criações, mesmo depois de mais de 20 anos de carreira. “As marcas são muito verdadeiras, então a linguagem é muito clara. Eu sou apegada ao Instagram e tenho o melhor fotógrafo do mundo, o Rogério Cavalcanti como irmão, então é o nosso momento preferido do mês: fazer imagem. As outras mídias têm toda minha equipe, e ter uma filha de 13 anos também ajuda.” conta Simone, sobre como se mantém atualizada.
A ESCOLHA PELA MODA DURADOURA
Apesar de ter suas marcas baseadas no exterior hoje em dia, a designer tampouco deixou o Brasil de lado: “Apesar de morar em muitos lugares ao mesmo tempo, eu nunca saí da moda brasileira, tenho duas empresas em São Paulo, e além de ser minha casa, ainda presto consultoria para alguns business paulistanos. Eu tenho um pouco de nostalgia da época do Amni Hot Spot, e toda aquela geração de estilistas absurdamente talentosos, cada um com uma linguagem, todos íamos nos desfiles uns dos outros, fazíamos os castings juntos, eram produtos e propostas tão novas, únicas…” conta Simone “mas chegamos numa época que os grandes grupos começaram a aparecer no Brasil e comprar as marcas como Forum, Triton, e por diversas razões (não só no Brasil) o fast fashion engoliu o que era autoral.”. A Room, bem como os outros empreendimentos de Simone Nunes focam no slow-fashion, e na criação autoral. Os calçados Pillow sequer tem pronta entrega, sendo feitos todos por encomenda. “Não gosto que seja a febre da vez”, ela reflete. A sua moda é para ser lenta e duradoura e não a tendência do momento.
O sucesso da Room marca um novo momento na carreira de Simone Nunes, que está longe de seu fim “Talvez por eu ter feito desenho industrial e ser filha de economista, eu tenho uma visão do business (e sempre foi assim) como um jogo de tabuleiro, como War ou Banco Imobiliário, ou qualquer um de vídeo game, quanto mais difícil mais determinada fico, porque ‘passei de tela’ ou ‘passei de fase’.” ela afirma, “Mas assim como num jogo, ou numa carreira de atletismo, eu treino, treino sem fim e são pouquíssimas pessoas que fazem parte do meu time.” finaliza.
Fonte: FFW | Matéria: Luxas Assunção | Imagens: Cortesia
Responsável: Robinson Silva | Empresa: RLS50 CONSULTORIA | Conteúdo: B50