Tudo sobre Teodora Oshima sobre sua experiência na moda, referências para o seu trabalho e suas apostas para o futuro da moda.

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Teodora Oshima (31), natural de Campinas, fundou sua marca homônima em 2020 em São Paulo, durante um dos momentos de mais incerteza durante a pandemia do COVID-19 no Brasil. Formada em 2019 pela Faculdade Santa Marcelina em Moda, a designer já havia passado por uma série de experiências na indústria da moda ao longo de sete anos. Nos últimos anos, Teodora trabalhava com Helô Rocha como estilista, onde havia iniciado como estagiária alguns cinco anos antes. 

Uma série de fatores motivaram Teodora a criar sua própria marca, o desejo natural de uma estilista, as micro agressões e transfobias que sofria por vezes no dia-a-dia na indústria da moda e, claro, o momento de insegurança financeira trazido fortemente pela pandemia. Sem investidores, ela retirou do seu próprio bolso para fundar a marca e pontua, com bom humor: “que bom que deu certo!” e como, de alguma forma, a pandemia possibilitou que a marca fosse criada. “Foi um risco, claro, mas foi mais possível (criar durante a pandemia), senti que havia uma oportunidade e uma necessidade. Mas ter uma dinâmica diferente de tempo e de todo mundo estar isolado, no fim das contas, ajudou” aponta Teodora. A cobrança menor por produtividade e uma mudança na fugacidade do calendário de moda agiu em favor dos criadores independentes durante os períodos mais incertos do isolamento social e, inclusive, motivou movimentos globais na indústria da moda. 

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Teodora Oshima tem uma série de referências com perfume vintage:  “Gosto muito de olhar para trás para, a partir disso, construir o futuro”, ela conta, acrescentando que adora fazer visitas e pesquisas em antiquários, brechós e na história. “Uma das coisas que mergulhei mais nos últimos tempos, foi minha ancestralidade nipônica”, de ascendência japonesa, a designer começou pesquisar mais sobre sua ancestralidade e a cultura nipo-brasileira em suas criações e repertório criativo. “Tive um momento em que isso não era muito presente nas minhas relações: não tinha muita proximidade a parte da família de origem japonesa, não tinha muitas amigas asiáticas e ao longo dos anos isso foi se tornando mais presente e mais fundamental” conta Teodora “É algo que já era natural meu, mas que eu não olhava tanto”. 

“O mercado tem uma tendência de nos direcionar para pautas específicas, para um período do ano. Eu estou trabalhando o ano inteiro e divulgando meu trabalho o ano inteiro.” afirma Teodora, quando perguntada sobre sua vivência enquanto uma pessoa transgênero no meio da moda. “Eu sou uma travesti nipo-brasileira, isso já está dado, mas para além disso eu sou uma estilista, eu já era uma estilista antes da transição e isso também faz parte da minha identidade” aponta “Às vezes eu quero ser invisível, quero ser apenas uma estilista, não uma estilista trans, e ter a possibilidade operar para além da minha identidade”. 

A identidade de Teodora – estejamos falando de sua ancestralidade nipônica ou sua identidade de gênero – está presente em seu trabalho por ela ser quem é, por ter um corpo político (ou um Corpo Sem Juízo, como diria a cantora Jup do Bairro, amiga pessoal de Teodora e fã da marca), mas isso não está tão presente no discurso da marca. Não é sobre negar sua identidade ou origem, mas sim, uma manifestação que busca que seu trabalho não seja reduzido única e exclusivamente à pauta identitária, afinal parecer invisível ou passar despercebida é também um privilégio, nos conta. 

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Teodora Oshima havia lançado sua primeira coleção, Archive One no último ano e, mais recentemente apresentou o primeiro drop do Archive Two na Casa de Criadores, na última semana. A estilista preza pela adaptabilidade das peças nos corpos, que, além de ter uma grade do 36 ao 46, frequentemente possui construções que permitem alguma elasticidade e amarrações, por exemplo. 

Ela chama atenção pela forte identidade de seus designs, na mistura de sua herança nipônica com o perfume vintage que tanto aprecia, Teodora cria peças bastante únicas pelas suas silhuetas e pela forma como ela mistura plissados, volumes e tecidos sanfonados em uma única peça, com naturalidade. Mesmo em sua primeira coleção, sua identidade já aparecia fortemente nos tons crus e trabalho em plissados, no primeiro momento, em peças mais amplas, com regulagem e tecido sanfonado, que permitia mais elasticidade – parte de seu desejo de vestir diferentes corpos. 

A sua segunda coleção traz peças com mais sensualidade, menos tecido e mais pele à mostra, que paralelamente também demonstrar gradualmente como Teodora Oshima se torna mais confortável com seu lugar na moda, apresentado por ela mesma como um corpo politizado. Em Archive Two, a cartela de cor apresenta tons de verde água, azul, vermelho, bege e off-white e a criação é feita em tecidos de composições variadas, da viscose com linho ao poliéster.

Com suas vivências e visões únicas, a estilista é um dos principais nomes para se ficar de olho no mercado de moda nacional. Sobre o futuro da moda, ela afirma: “Enquanto sociedade, sinto que estamos avançando, mas ainda está muito preso no discurso, principalmente na moda. Existe a ideia de uma moda inclusiva, que há diversidade, mas isso ainda está começando a mudar.”. É verdade, como um ramo essencialmente imagético, a moda sempre se pautou em trazer o novo em sua imagem, através da ferramenta do exótico, mas mantendo as mesmas estruturas e retroalimentando opressões e exclusões sociais: “É claro que a gente quer se ver na mídia, mas também queremos estar por trás, pensando os projetos, repensando estruturas, nos espaços de poder. Mas isso ainda está um pouco distante.” afirma Teodora “é isso que quero ver para o futuro, que o discurso seja aplicado e não fique só na teoria” finaliza. 

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Fonte: FFW | Matéria: Luxas Assunção | Imagens: Cortesia

Responsável: Robinson Silva | Empresa:  RLS50 CONSULTORIA | Conteúdo: B50

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