As marcas mais transparentes da indústria da moda


Índice mediu o quanto 100 marcas globais – entre elas duas brasileiras – são transparentes na forma de fazer negócios, produzir roupas e empregar

Adidas, Reebok, Marks & Spencer, H&M, Puma, Banana Republic, Gap e Old Navy são as marcas mais bem posicionadas em ranking global sobre a transparência no mundo da moda. O levantamento foi realizado pela Fashion Revolution, movimento global com o objetivo de conscientizar as pessoas sobre os impactos da indústria da moda. Divulgado oficialmente hoje (22/11) no Brasil, o ranking analisou de que forma 100 marcas e revendedoras de vários países, com faturamento acima de US$ 1,2 bilhão por ano, são transparentes em relação à sua cadeia de produção e atuação de mercado. 

RLS50 / Blog50 / (Foto: Getty Images)
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Os cinco critérios de análise têm pesos diferentes para determinar a pontuação de uma empresa. São eles: política e compromisso (20%), governança (5%), rastreabilidade (34%), conhecimento e resolução de problemas da cadeia (30%) e ações para garantir políticas de salário mínimo e reduzir o consumo de recursos (11%). Nenhuma das 100 marcas ultrapassou 50% da pontuação possível. As oito marcas citadas no começo desta matéria atingiram entre 41% e 50%. E a grande maioria das empresas não chegou a 10%. A conclusão do estudo, segundo Elisa Tupiná, representante do Fashion Revolution Brasil, é que ainda há pouca transparência no setor.

Entre as marcas analisadas, há duas brasileiras: as varejistas Renner e Pernambucanas receberam 15% e 8% da pontuação possível, respectivamente.

Trabalho escravo

É possível que, dentre as empresas mais bem posicionadas, haja denúncias de trabalho em condições análogas à escravidão ou que determinada companhia mantenha práticas não sustentáveis. O índice avalia apenas se elas informam, comunicam e têm políticas para acompanhar ações que combatem o trabalho escravo.

Uma das principais conclusões do estudo é que a indústria da moda ainda possui muita dificuldade em lidar com o chamado “terceiro nível” dos fornecedores, aquele que envolve a produção e o cultivo de matéria-prima. “Quanto mais vai chegando perto do cultivo, menos as marcas rastreiam”, diz Gabriela Machado, da Fashion Revolution Brasil. Muitas marcas europeias mantêm fornecedores terceirizados em países em subdesenvolvimento e mostraram cultivar pouca transparência nesta relação.

Não à toa, o critério de rastreabilidade foi o que teve a menor média entre as 100 marcas (apenas 8% da pontuação possível alcançada), embora tenha o maior peso (34%) na hora de avaliar as empresas. Marcas que demonstraram, minimamente, ter um controle mais amplo sobre sua cadeia de fornecedores se posicionaram no topo do ranking. É o caso da Marks & Spencer, loja de departamentos do Reino Unido, que lançou um aplicativo interativo para acompanhar mais de 1,2 mil fábricas em 53 países.

Fim dos segredos

Outro aspecto que o índice pretende ajudar a mudar dentro da indústria da moda, segundo Gabriela, é o da “confidencialidade”. “Ainda existem muitas marcas, como a Dior, que mantêm sigilo total sobre como operam, pois veem nisso uma forma de se diferenciar da concorrência. Mas isto está ultrapassado. Elas precisarão se reposicionar”.

Metodologia

O objetivo do ranking é avaliar se, de forma geral, a indústria da moda está sendo mais transparente a respeito de suas práticas, confecções, relação com os fornecedores e terceirizados e impacto ambiental e social que gera. Os parâmetros foram analisados a partir do que associações do setor, como a Fair Labor Association, Ethical Trade Initiative e Fair Trade Foundation, usam para avaliar os negócios da moda. Os dados de cada empresa foram colhidos em documentos e relatórios abertos e em sites de empresas terceirizadas. Também foi enviado um questionário a todas as empresas. Menos da metade aceitou respondê-lo. Duas dezenas de especialistas técnicos fizeram o parecer final e calcularam a pontuação.

Fonte: Época Negócios / Por: Barbara Bigarelli


@robinson1970

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