Cientista explica como as camisetas irão conversar com as pessoas
Durante a correria do dia, sua camiseta muda de cor para te dizer que sua pressão subiu, muda novamente a cor e avisa que você fez pouca atividade física, muda outra vez de cor e avisa que você tomou pouco sol ou não comeu direito. Acabou? Não. Sua camiseta ainda pode também enviar informações para seu médico dos níveis séricos e avisar que você está prestes a ter um ataque cardíaco! Sim, isso já está sendo testado pelos pesquisadores da Universidade de Cornell, EUA, juntamente com vários designers. “É um laboratório esquizofrênico, pois juntamos designers com ideias malucas com cientistas que se sentem desafiados em torná-las realidade” explica o cientista e professor Juan Hinestroza, que coordena esse laboratório de desenvolvimento de tecnologias têxteis na Cornell University e foi convidado a palestrar no segundo dia (18/10) da Convenção Mundial de Moda da IAF, realizada no Rio de Janeiro pela IAF/Abit.
A linha de pesquisa desses cientistas é com nanolayers (camadas de microelementos químicos em dimensão nano) adicionados à fibra, especialmente algodão. “Sou colombiano e adoro algodão. Sempre imaginei como agregar propriedades a essa fibra e é isso que fazemos hoje”.
Dentre as criações da equipe de Hinestroza, estão as roupas que mudam de cor em função do tamanho e proximidade de partículas (tanto na forma de moléculas, quanto em átomos inseridos na trama do algodão) de elementos como Ouro, Platina, Vanádio, Prata, dentre outros. Tenistas da França estão testando esses protótipos: bolas de tênis mudam de cor conforme a trajetória e força empregada, alertando o atleta onde ele deve melhorar; suas bandanas também alteram a cor quando o suor aponta alguma desidratação ou nível baixo de sódio. Outros testes também estão sendo feitos por jogadores do time de futebol do Barcelona, onde as camisetas também mudam de cor conforme o choque físico ou mecânico, podendo mostrar para os juízes faltas cometidas ou gol de braço.
Várias linhas de pesquisas estão sendo desenvolvidas neste laboratório liderado pelo professor Hinestroza, como transistores nas roupas, camadas químicas cronológicas que liberam inseticida conforme a programação, tramas que filtram ou capturam gases poluentes, tudo utilizando elementos químicos e processos à base de água. E seriam todas viáveis comercialmente? Segundo Hinestroza, algumas sim. “Eu tenho a sorte de ser cientista e não me preocupar com o custo e a viabilidade. Meu desafio é desenvolver experimentos científicos. Mas, certamente muitas delas são viáveis. Visitei algumas empresas e percebi que o laboratório delas é basicamente uma reprodução do nosso, pois nossa base é a água. Cabe aos empresários ver o que é ou não viável. A mim, cabe resolver ideias malucas. E se você tem uma, fale com a gente” concluiu Hinestroza.
Fonte: Abit